Segundo a PF, o prefeito de Careiro Castanho, Joel Lobo é suspeito de montagem de notas fiscais frias para justificar gastos da campanha de 2008.
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A Polícia Federal (PF-AM) deflagrou, na manhã desta quinta (15) a operação 'Contas Limpas', que investiga fraudes na prestação de contas cometidas pelo prefeito do município do Careiro (distante 168km de Manaus), Joel Lobo (DEM). Segundo a PF, Lobo é suspeito de montagem de notas fiscais frias para justificar gastos da campanha de 2008.
Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão das contas do prefeito expedidos pelo Tribunal Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), quatro desses no município, e os demais na representação em Manaus, e em uma empresa de publicidade, suspeita de criar as notas frias. De acordo com a PF, diversos documentos, notas fiscais e 12 computadores da prefeitura foram apreendidos e estão sendo submetidos à perícia.
Além do prefeito, da agência de publicidade e outra pessoa mantida em sigilo pela PF, a operação investiga ainda Linviston Ferreira, atual Secretário de Assuntos Institucionais do município. "São pessoas que lidavam diretamente com as contas da campanha. Sabemos que foram produzidas notas novas e inseridas na prestação de contas. Já colhemos notas fiscais que foram arrancadas dos documentos", explica o delegado Vitor Moraes Soares, responsável pela investigação.
'Politicagem'
O prefeito Joel Lobo disse à reportagem do Portal D24AM que não está preocupado com a operação. Para ele a situação seria outra se "lá atrás o TRE tivesse reprovado as minhas contas. Mas aprovou. Isso é de cunho político, ano que vem é ano eleitoral. Claro que tem coisa estranha por ai", disse.
Joel disse que não irá colocar impedimentos no trabalho da Polícia Federal, mas pede que o mesmo empenho seja feito nas contas de outros candidatos. "É o papel da polícia, tem que entender, mas eu faço uma sugestão para que também façam nas contas dos outros candidatos. O ex-prefeito, por exemplo, responde a inúmeros processos por improbidade administrativa, e teve contas reprovadas no TRE", alega.
Até 6 anos de prisão
As investigações da operação 'Contas Limpas duraram sete meses e todo o inquérito ainda deverá levar mais 60 dias para ser finalizado. Até lá o prefeito e os demais suspeitos continuam exercendo normalmente suas funções no município. Todos os documentos e computadores apreendidos ficarão sob análise por 20 dias. Depois, a PF irá intimar a depor os suspeitos.
Para a PF os indícios apontam para uma possível quadrilha especializada na falsificação de notas para enganar a justiça eleitoral. Todos os envolvidos, se comprovadas as denúncias, serão enquadrados nos artigos 348, 349 e 350 do Código Eleitoral, por falsificação e uso de documento público e particular em campanha.
"Não há provas que sustentem um pedido de prisão preventiva nem do prefeito, nem das outras pessoas envolvidas. Mas temos informações suficientes que podem dar de 2 a 6 anos de reclusão aos acusados. Temos inclusive depoimento de uma das pessoas que fazia parte do esquema e nós contou como funcionava todo o processo", explica o delegado.